quinta-feira, 24 de julho de 2008

O Complô

Textinho que escrevi pra distrair o cabeção!


Levantei – me como sempre às 7 horas da manhã. Tomei meu banho e me vesti esmeradamente, afinal, essa seria mais uma quinta-feira comum em minha vida...
Peguei meu radinho de pilha, fechei a porta do quarto e desci até o refeitório da pensão onde moro. Como sempre nesse horário, estava cheio. Parece que todos escolhem o mesmo horário pra se levantar, mesmo os hóspedes mais idosos que não tem compromisso com nada e poderiam ficar algum tempo a mais na cama. Passado meu costumeiro mau humor, me espremi entre um senhor que se não me enganava trabalhava com seguros e uma velha Lady inglesa que perdeu todo seu dinheiro em corridas de cavalos e veio pro nosso amado país fugindo da vergonha da decadência. Perguntei aos nobres colegas de mesa se não se importavam de eu ligar meu radinho para ouvir as notícias no período da manhã. Como não obtive respostas, e levando em consideração que quem cala consente, liguei no meu sempre companheiro Jornal da Manhã.
As mesmas notícias de sempre: roubos, assassinatos, estupros... nada mudava. Apenas os nomes: se ontem João atropelou José, hoje quem atropelou Maria foi Antônio. Mas nada de diferente ou extraordinário. Prestei atenção...

“E logo nas primeiras horas da manhã de hoje foi encontrado um corpo em um beco, apunhalado pelas costas, o homem foi indentificado como Carlos Tadeu Trevório...”

Quase cuspi meu pão com manteiga! Carlos Tadeu Trevório sou eu! Como posso ter sido encontrado morto em um beco se estava ali tomando meu café da manhã? Um absurdo! Seria um complô? Não, só pode ser um homônimo. Embora Trevório não seja um nome muito comum, pode ser que aconteça. Me levantei, fui ao saguão e pedi para a recepcionista para me deixar usar o telefone. Eu precisava averiguar...

“Sinto muito, senhor. O senhor só poderá usar o telefone quando tomar seus remédios.”

Que remédios? Essa mulher está louca! Viro-me para o lado e vejo dois brutamontes vindo em minha direção, e sem pensar, corro, pra me salvar. Alguma coisa errada estava acontecendo. Que loucura toda era aquela? Por que queriam pegar a mim? Um simples cidadão, respeitador da ordem, trabalhador... trabalhador? É isso! No meu serviço alguém deve saber o que está acontecendo! Dou uma virada brusca e me dirijo ao estacionamento. Procuro meu carro. Ao encontrá-lo, vejo que de dentro dele está saindo uma mulher ruiva linda, mas o que ela fazia com meu carro? Entrei correndo sem dar tempo de ela protestar, dei a partida e sai atropelando o portão da pensão... dirigia em direção ao meu trabalho quando vejo um furgão branco me seguindo. No desespero de fugir do furgão, não vi uma mãe atravessando a rua e peguei em cheio o carrinho do bebê. Ó meu Deus! Matei uma criança inocente por causa dessa porcaria toda! Mas mesmo assim precisava me salvar. No meu trabalho, lá estaria Eloíse. Ela saberia o que estaria acontecendo...
Correndo feito um maluco acabei por atropelar dois gatos que haviam se assustado com crianças na calçada e haviam corrido pra rua. Pronto, mais duas mortes de inocentes pra pesar na minha consciência...
Dobrei à direita, depois à esquerda e à esquerda de novo e cheguei ao prédio. Mal saí do carro e o furgão que estava me perseguindo desde a pensão parou atrás. Corri e cheguei ao elevador antes daqueles monstros. 7º andar, anda, anda... cheguei! Mal a porta do elevador se abre, e eu a vejo: Eloíse! Minha salvação em seu eterno vestidinho branco com brocados e rendas. Ela me esperava de braços abertos. Eu corri e a abracei! Ela disse que tudo iria ficar bem agora... que ela iria me explicar o que estava acontecendo.

E hoje, estou eu aqui, me escondendo nessa nova pensão, pois realmente tudo aquilo era um complô pra me pegar. Aqui, Eloíse fica de olho na minha segurança quase que 24 horas por dia. Até acho que ela está precisando de descanso, pois sua cabeça está meio avariada. Ela insiste em me dizer que aquele carrinho de bebê que eu havia atropelado, não passava de um carrinho de feira, que os gatos que morreram debaixo das rodas do meu carro, não eram gatos e sim bolas de futebol que haviam sido jogadas na rua por aquelas crianças, que o meu carro na realidade pertence ao Dr. Henrique Mello e que eu o peguei das mãos de sua filha no estacionamento da pensão, que Eloíse insiste em dizer que é uma Casa de Repouso para pessoas pertubadas...

Um comentário:

Ins-pirada disse...

"Voa canarinho, voa..."